e do Alentejo de ontem ...

encontramos num bonito livro de receitas, estas descrições de como se casava no Alentejo. Ora leiam e descubram as diferenças. Sabe sempre bem "visitar" as raízes.

As festas

De todas as festas do Alentejo a mais notável é a dos casamentos. O dia da feira, o Carnaval, a Páscoa, o S. João e o Natal, não lhe chegam aos calcanhares.

Os casamentos

Quem não tinha posses para fazer uma festa a valer, não se casava, juntava-se.

Mas quem podia, fazia coisa de ficar na lembrança dos convidados.

Nas duas casas começavam-se a fazer bolos com dias e dias de antecedência - o bolo podre, as cavacas, os biscoitos caiados e os suspiros podem esperar.

Depois começavam-se a matar as galinhas e os borregos e era um desatar a trabalhar, sem sossego, uma dezena de mulheres na cozinha, as vizinhas a emprestarem tachos, pratos e talheres.

Na véspera, mandavam-se os presentes de bolos aos padrinhos e ás pessoas de mais cerimónia - tabuleiros com bolos folhados, dito e feito, bolo podre, cavacas, bolos de canela, bolo de limão, rebuçados de ovos, embrulhados em papel de seda, com franjas recortadas.

No dia do casamento que, normalmente era na Igreja, às quatro da tarde, servia-se o almoço à família, porque muitos vinham de fora e tinham chegado cedo - sopa da panela ou cabidela de galinha.

Na volta da Igreja, servia-se o copo-de-água - bolos e mais bolos, dos mesmo que foram nos presentes dos padrinhos, mais o Bolo de Noiva, que era dito e feito licores, vinho do Porto e uma pipa com vinho para os homens.

O copo-de-água era servido em pé, só o jantar já era sentado - canja de galinha, guisado de borrego com batatas, pernas de borrego assadas no forno, e galinha acerejada com arroz.

A sobremesa era arroz doce, e pudins e todos os bolos do copo de água.

No dia seguinte, o segundo dia, começava-se por uma açorda de alho, seguida dos restos da véspera.

A açorda de alho sempre serviu para desenratar ... dos excedentes da véspera.

e para terminar, diz-se ainda no livro "Cozinha Tradicional do Alentejo", que o chá de alface acalma os nervos de noiva e sogras, em dia de casamento.

texto retirado na integra, do livro COZINHA TRADICIONAL DO ALENTEJO - a memória dos temperos, de Maria Antónia Goes.