Nesta terrível tempestade que atravessamos, algo de bom já aconteceu. As pessoas deste sector desataram a querer falar umas com as outras. É bom ? sim, é óptimo, até à pouco dizia-se que comunicávamos pouco uns com os outros. Só que …, como somos estreantes nesta ferramenta, os lives a que assisti até agora, pecam por falta de organização e tema. Não têm propósito. E não havendo um foco … começamos a falar e vamos por aí afora sem governo e sem filtros.
O último, a que assisti, fiquei de boca aberta. Falava-se de comida, o grande tema! mas também de como os mesmos ainda apresentam dificuldades. Ao longo desta conversa e porque o tema é muito vasto, entrou-se rapidamente, numa converseta um pouco irresponsável e sem sentido.
Não pretendemos dar lições sobre o assunto, mas o seu a seu dono. Se me perguntarem se os caterings são todos fantásticos ? responderei que uns são melhores que outros, mas o que interessa e que pode esclarecer devidamente o cliente é que sem excepções, todos tem as mesmas regras de actuação, sujeitos a uma apertada fiscalização e…. todos primam por serem os melhores. Uns conseguem melhor que outros mas todos se esforçam e o resultado geral não é bom é muito bom.
Todos temos direito à nossa opinião, mas o sector necessita que sejamos todos mais responsáveis e mais assertivos. Reduzir o esforço dos últimos tempos a afirmações pouco pensadas não é de todo, contribuir para a melhoria da oferta e para a imagem dum parceiro tão importante no mercado dos eventos e do casamento em especial.
E não é porque temos clientes do exterior, que deveremos trabalhar fora do nosso ADN. A gastronomia portuguesa é muito especial e talvez única. Todos sabemos como comer é um caso importante e como é para nós um factor cultural e social de relevância. E não, os caterings não sabem só servir bacalhau. Mas mesmo que assim fosse, quem não sabe que o bacalhau é o “caviar dos tugas” ainda não aprendeu muito sobre a cultura portuguesa e a nossa gastronomia.
Para rematar o assunto, não podemos dizer que queremos muito não só fazer casamentos, mas, sobretudo, vender experiências. Não posso estar mais de acordo. Mas se é isso temos que vender o bacalhau e outras iguarias da nossa história comestível gente! O que não faz sentido é vendermos o modelo do cliente que nos escolhe para casar. Isso é algo sem sentido. O bom é acondicionar “o nosso” e “o deles” e apresentar uma experiência inesquecível. O que não acrescenta valor ao dinheiro gasto, é um mau negócio. Para nós e para quem vem.
Vender o que nos orgulha e que é bem feito, acrescenta valor ao nosso trabalho. Querer ser como todos não nos distingue. E sim, façamos muitos lives, mas com (algum) propósito e com um discurso assertivo. No meio de nós, também está o nosso cliente e não convém passar mensagens erradas. O mercado somos todos nós e todos somos responsáveis pela sua qualidade.
Continuem a cuidarem-se, a tempestade ainda não passou.
XoXo | Mª João